MAIS BRILHANTE QUE O SOL – CAPÍTULO 1
O corpo humano tem pouco mais que seiscentos e cinquenta músculos.
Como eu sei disso? Além das aulas de ciências, estou sentindo dor em cada um deles.
Pego um papel no topo da pilha que está na minha frente me esforçando para não ceder a tentação de deixar a minha cabeça, que agora deve ter uns trinta quilos, repousar na mesa.
Risco um X fraco na primeira questão da prova do João Pedro de Carvalho e então pela janela, vejo o sol ardendo lá fora e as folhas das árvores paradas, deve estar fazendo trinta e seis graus na sombra, uma temperatura totalmente contrastante com meu moletom, qualquer um que me veja na rua vai pensar que estou louca.
— Você não deveria estar em casa? — Minha melhor amiga pergunta se esgueirando para dentro da minúscula sala dos professores com capacidade para sete pessoas, nós somos doze.
Quando eu era criança, achava que na sala dos professores rolava um universo paralelo onde eles se divertiam a beça. Bom, sem diversão por aqui, só estou sozinha nesse momento porque meus colegas estão com medo de mim.