Quando decidi assistir Armadilha no cinema, fui motivada pelo histórico do M. Night Shyamalan, um diretor que já havia me surpreendido com obras como O Sexto Sentido e Fragmentado. A história se desenrola com Cooper (Josh Harnett) levando sua filha para o show da grande promessa do pop: Lady Raven.
O que parecia ser uma simples noite de entretenimento logo se revela como uma armadilha arquitetada para capturar um serial killer conhecido como O Açougueiro.
A ideia tem fundamento: em 1985, o Serviço de Delegados dos EUA conduziu a Operação Flagship, uma emboscada que convenceu mais de 3.000 fugitivos a comparecerem a uma falsa cerimônia de premiação com a promessa de ganhar ingressos para um jogo de futebol americano.
O que eu achei?
Ao longo do filme, comecei a notar uma problemática: o que geralmente nos emociona em uma narrativa são as tentativas e erros do protagonista. É o fracasso e a luta para superar obstáculos que nos envolvem emocionalmente. Em Armadilha, tudo dá muito certo para Cooper, o que acaba por tirar um pouco da tensão e do drama que esperamos de um filme desse gênero. A história, que tinha potencial para ser uma montanha-russa emocional, acaba se tornando um passeio relativamente calmo.
Visualmente, o filme é lindo, mas, paradoxalmente, essa beleza visual contribui para uma sensação de abertura que dilui a claustrofobia e o desespero típicos de filmes sobre serial killers. Em vez de nos sentirmos sufocados, o filme nos deixa distantes, quase como espectadores passivos de uma história que poderia ser muito mais envolvente.
Apesar dessas críticas, há pontos positivos. A melhor parte, sem dúvida, é o final, onde Cooper, encurralado, faz descobertas cruciais sobre a investigação. É nesse momento que o filme recupera um pouco da tensão perdida ao longo da trama. Além disso, a atuação de Allison Pill como a esposa de Cooper é um destaque, sendo um verdadeiro show à parte em um elenco que, de outra forma, não se destaca muito.
No fim das contas, Armadilha não me arrebatou, mas também não me decepcionou completamente. Ele está em uma zona neutra, onde o potencial não foi plenamente aproveitado, mas também não foi um desperdício total. Para os fãs de Shyamalan, é um filme que vale a pena assistir, mas sem grandes expectativas.