ARRASTADOS – ARBEX, DANIELA
10.01.2023

Arrastados – Em 2019, o Brasil acompanhou assustado a tragédia de Brumadinho: uma barragem de rejeitos de minério da Vale rompeu, matando 272 pessoas.
Eu acompanhei, mas só fui entender a dimensão do acontecido agora lendo o livro Arrastados da Daniela Arbex.

Enquanto eu lia, buscava vídeos na internet para tentar visualizar o inimaginável. Fui me revoltando conforme a leitura avançava porque por trás da escrita envolvente e relatos dramáticos de sobreviventes, familiares e bombeiros havia uma coisa muito pior: a Vale tinha ciência de que aquilo aconteceria.
A empresa simplesmente optou por permanecer lucrando ao invés de proteger os trabalhadores e a cidade.

Eu já conhecia o trabalho da Arbex e ela continua não decepcionando. O livro é bastante detalhado com fotos, mapas e relatos de uma cidade encoberta por lama.

Muita gente se recusa a ler sobre as tragédias contadas pela autora, mas em uma entrevista ela sabiamente diz que “esquecer é negar a história” e não poderia ter mais razão.

Brumadinho, assim como outras tragédias, foi completamente evitável, é passível de repetição e o custo da vida humana para o capitalismo desenfreado é zero.

SINOPSE

No dia 25 de janeiro de 2019, às 12h28, a B1, barragem desativada da Mina do Córrego do Feijão, explorada pela mineradora Vale na cidade de Brumadinho, Minas Gerais, rompeu. Seu rastro de lama, rejeitos de minério e destruição se estendeu por mais de 300 quilômetros, levando torres de transmissão, trens de carga, pontes, casas, árvores, animais e, na contagem oficial da tragédia, a vida de 270 pessoas (ou 272, considerando as duas gestantes entre os mortos).

Jornalista investigativa premiada, a mineira Daniela Arbex foi a campo para reconstituir em detalhes as primeiras 96 horas após o colapso. Ela entrevistou sobreviventes, familiares das vítimas, bombeiros, médicos-legistas, policiais e moradores das áreas atingidas. Arbex retornou à região para acompanhar o impacto das indenizações e contrapartidas institucionais para a reparação dos danos materiais.

Além da escrita precisa da autora – que reconstitui a trajetória das vítimas e dos trabalhos de resgate de forma detalhada e impactante, mas com extrema delicadeza –, o livro apresenta ainda fotografias que ajudam a dimensionar e humanizar a tragédia. Mais uma vez, Daniela Arbex constrói memória e impede que mais uma catástrofe brasileira se perca em meio à banalidade do noticiário cotidiano.

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