ENTREVISTA: TALITA PANIAGO (DOCEMENTE SOMBRIA)
24.03.2020

Seis anos atrás eu entrevistei a Talita e hoje ela está com um projeto muito legal e cheia de histórias para contar no Docemente Sombria. Tudo começou há doze anos, Talita se interessou por um livro da criminóloga Ilana Casoy e anos depois foi incentivada por um amigo a se matricular no curso de psicologia.
Para ler a entrevista de 2014, clique aqui.

A última entrevista foi em 2014, você acha que a sua forma de ver as histórias é diferente hoje?
Minha forma de ver as histórias não mudou, continuo com a mesma curiosidade acerca de mentes assassinas. Eu continuei pesquisando sobre o assunto e procurando por novas histórias. Também comecei a acompanhar muitos canais no YouTube e podcast sobre assuntos criminais.

“Nunca pensei em me distanciar, não vou dizer que não me afetou em algum momento, pois sou humana e sinto uma certa angústia dependendo da história.”

Livros, séries e filmes baseados em serial killers reais são sucesso ao redor do mundo. O que você pensa sobre isso?
Eu gosto desses filmes, mas tenho receio de que o assassino ganhe mais notoriedade do que a vítima. A figura do assassino gera curiosidades, mas penso na vítima e sua família, como é para eles a existência de um filme assim.

Você acha que esse tipo de material glamoriza o assassino gerando um certo grau de influência para que atos semelhantes aconteçam?
Sobre a glamorizar o assassino sim, mas não julgo as pessoas por terem curiosidade, pois realmente são intrigantes. O que eu me preocupo é até que ponto essa glamorização vai e se as pessoas irão entender que por traz daquele assassino tem vítimas inocentes e suas famílias sofrendo vendo todo esse espetáculo. Talvez eu seja um pouco e exagerada pensando assim mas não posso deixar de pensar nas vítimas quando a maioria as esquece e idolatra o assassino.
Sobre influenciar pode acontecer, mas não teremos como saber com certeza sobre essa influência. às vezes nos deparamos com pessoas com pré disposição a violência e que de qualquer forma acharão algo para se influenciar.

Em algum momento você se sentiu afetada pelas histórias e quis se distanciar?
Nunca pensei em me distanciar, não vou dizer que não me afetou em algum momento, pois sou humana e sinto angústia dependendo da história. Mas coloquei na cabeça que preciso me preparar, pois pretendo trabalhar na área criminal um dia. Então sigo firme.

“Talvez eu seja um pouco exagerada pensando assim mas não posso deixar de pensar nas vítimas quando a maioria as esquece e idolatra o assassino.”

Depois de acompanhar tantos casos, o que você acha da cobertura midiática no Brasil e no exterior?
Eu acho que a mídia às vezes foca muito em um caso podendo atrapalhar as investigações. Especulações nunca ajudam em momentos de investigação.
A mídia tem um poder muito grande, pode ajudar mas também destruir a vida de alguém. Existem muitos casos em que a grande mídia apenas atrapalhou, e contrapartida existem casos em que se não fosse a pressão da mídia as autoridades não ligariam tanto.
Penso que a mídia precisa agir com temperança.

Fale um pouco sobre o seu projeto, o Docemente Sombria.
O projeto me veio em mente em 2019 depois de ouvir o podcast do caso Evandro, um caso famoso apresentado pelo Ivan Mizanzuk do Projeto Humanos e produzido pelo AntiCast.
No início pensei em fazer em formato de podcast também, mas mudei de ideia e resolvi usar a plataforma IGTV, gravando vídeos com histórias narradas por mim com roteiros baseados em livros e matérias da Internet.
Demorou um pouco para que a ideia saísse do papel, mas agora já irá para o terceiro vídeo do projeto e estou bem animada.

Se vocês gostaram das palavras da Talita, tem vídeo novo toda semana no Docemente Sombria. A gente te vê lá!
Beijinhos e até a próxima!

2 comentários

  • Talita disse:

    Como sempre é um prazer fazer parte desse blog maravilhoso. Obrigada por todo apoio ao meu projeto.

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