#2 A MEMÓRIA MAIS FELIZ DA INFÂNCIA
02.06.2020

Olho meus joelhos, nenhuma cicatriz. Marcas? Nada. Me pergunto se tive uma infância feliz. A resposta é sim.
Filha de pais amorosos e irmã super protetora, eu nunca fui de sair correndo por ai vivendo grandes aventuras. Apesar de tagarela, sempre fui contida.

A história mais feliz se perde no meio de tantas.
Os aniversários nunca deixavam de ser comemorados, mas a gente não tinha descanso! Tinha que enrolar brigadeiro e encher balão, eu amava cada segundo do meu dia especial.
Teve também a vez que ganhei um cachorrinho tão pequeno que tive que chamá-lo de Pitoco.

Mas é Natal.
Sempre foi uma das minhas datas favoritas. As manhãs do dia 25 eram perfeitas.
Lembro de acordar bem cedinho na cama dos meus pais, deitada como se fosse uma estrela do mar, ocupando todos os espaços que se encontravam vazios. Sentada na cama, meus pés mal tocavam o chão, sonolenta e fazendo certo esforço para descer, meus dedos tocaram embalagens de papel.
PRESENTES!
Cada ano, um melhor que o outro.

LEIA SOBRE O MEU PRIMEIRO AMOR AQUI.

Certa vez, um pianinho que tocava sem parar iaiaô e que perdeu as pilhas misteriosamente. No ano seguinte, um telefone de brinquedo que dizia: Hello, How Are You? Mas minha mãe insistia que era: alô, a Luma está?
Barbies, jogos de panelinhas de porcelana e um montão de brinquedos…
Até que a virginiana aqui aprendeu a escrever e decidiu fazer uma lista de pedidos para o bom velhinho.

A lista não tinha fim.
Barbie mamãe, boneca bebê e por que não um laptop da xuxa?
Na manhã de natal, acordei ansiosa. Muitos presentes estavam esperando por mim no pé da cama!
Porém para minha surpresa, não havia nada ali. Levantei brava, o pijama já curto nas pernas, exigindo saber onde estavam os meus pacotes!

Minha irmã então me ajudou a procurar pela casa. Não havia nada ali, exceto uma carta, e o conteúdo era o pesadelo de qualquer criança:
hohoho não posso atender todos os pedidos. Quem sabe da próxima vez? Assinado: Papai Noel.
Fiquei vermelha de raiva, não pelo teor da carta, mas pela letra do Papai Noel que era idêntica a letra da minha irmã!
Ela se explicou dizendo que o ajudava às vezes, afinal havia muito serviço na Lapônia naquela época do ano.

Aceitei a desculpa meio desconfiada, mas logo ela sugeriu que eu olhasse embaixo da cama e lá estava!
O Papel Noel não me abandonara! A boneca bebê era a mais linda do mundo!
E meu pai de longe me observava rasgar o embrulho com um sorriso no rosto e carteira chorando no bolso.

2 comentários

  • Talita disse:

    Imaginei tio Osvaldo e a cena ❤️

  • Jéssica disse:

    Aaaaaaah ♥️ Tão vocês

  • Deixe seu comentário

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

    @lumanunesblog