Ouvi falar de O Sorriso Da Hiena porque um tempo atrás o livro explodiu, pra todo lugar que eu ia, ele estava: insta, face, youtube… A maioria das críticas para ele são ótimas e como eu já estou sob o encanto do Raphael Montes, fiquei bastante animada por ter outro brasileiro seguindo esse caminho e sendo bem-sucedido.
Fiquei bastante animada no começo com a cena chocante que me foi apresentada. David tinha apenas oito anos quando presenciou o assassinato brutal de seus pais, a mãe levou um tiro na cabeça e o pai teve a língua arrancada com um alicate. Vinte e quatro anos depois, David inicia sua própria missão com a ajuda do renomado e inquieto psicólogo William. Ele almeja descobrir o quão impactante foi para sua personalidade ter assistido a morte dos pais, por isso escolhe cinco crianças com diferentes tipos de vida para assistir os pais serem assassinados, assim como aconteceu com ele.
William leva um vida pacata, mas anda incomodado com o rumo que sua carreira está seguindo. Depois de ter publicado uma tese de doutorado sobre as possíveis consequências de acontecimentos traumáticos na vida de crianças que lhe rendeu reconhecimento na psicologia infantil, ele sente falta de ver como esse estudo funciona na prática. A proposta que aparece em seu e-mail o deixa inquieto, pois tratá-se de uma oportunidade para fazer um estudo que pode ajudar entender o desenvolvimento da maldade humana, de maneira significativa longe de hipóteses e teorias, com casos reais.
E atrás de tudo isso, um personagem muito interessante, o detetive com síndrome de Aspenger Arthur.
É possível justificar o mal quando há a intenção de fazer o bem?
Eu fiquei pensando se eu queria escrever essa resenha porque nossa, não sei! Todo mundo falou bem horrores e acontece que eu não concordei tanto assim, tipo achei que faltou umas coisas e olha que eu não sou muito de dar atenção para Ficção X Realidade que é a reclamação que mais vi sobre cenas que fugiram muito da realidade, a verdade é que o livro é legal porém superficial.
“A maioria das pessoas acha que aquele som é uma risada, mas os pesquisadores chegaram à conclusão de que hienas de menor posição hierárquica no grupo, hienas dominadas, hienas frustradas, emitiam mais alto esse som que parece uma “risada”. Às vezes damos a impressão de que gostamos de alguma coisa, quando na verdade só estamos com medo, com dor, com fome. Não tem nada de engraçado em ser um animal carniceiro que que alimenta do que sobrou dos mortos.”
O primeiro fato que me incomodou foi a total ausência de pudor do William. Alooou querido, por mais que você queira fazer seu trabalhinho lá bonitinho, você deveria levar em consideração que crianças estão ali sofrendo, nem de primeiro impulso o cara se atentou a isso, por mais que essa fosse a discussão principal do livro, achei que ele podia ter trabalhado mais no dilema…
O David é um personagem que, né? Senti falta de conhecer mais sobre o assassino, gente! O que a gente sabe sobre ele é basicamente isso: ele viu os mais serem assassinados, se considera um monstro e mata pais de crianças de oito anos… E por falar em crianças, queria tanto mais detalhes sobre elas, sobre a terapia e tudo mais 🙁
O detetive Arthur foi o que mais agradou (a amiga dele Bete também, mas ele aparece tão pouquinho que não vale a citação…) Porém, apesar de já ter convivido com um pessoa com síndrome de Aspenger, sempre acho difícil julgar se essas coisas são compatíveis com a realidade, mas o fato é que eu gostei, apesar de depois começar achar ele um personagem até demais, caricatinho, sabe?
“– O mal nada mais é do que um buraco que quer desesperadamente ser preenchido, detetive.”
Eu gostei do livro, porém acho que o escritor tinha um material muito bom que foi pouco explorado, entende? Se ele lançar outro trabalho, quero muito ler pois sinto que ele tem bastante potencial e criatividade.
Ficha do Livro
Título: O Sorriso da Hiena
Autor: Gustavo Ávila
Editora: Verus
Número de páginas: 266 páginas
Minha nota: ♥♥♥♥