MAIS BRILHANTE QUE O SOL 2
17.06.2021

Mais Brilhante Que O Sol 2 – Acordo com o pijama grudado no corpo e a boca mais seca que o Saara, pelo visto os remédios que engoli antes de dormir fizeram efeito. Ao meu lado, Miguel dorme a sono solto e por cima do seu ombro enxergo o relógio mostrando que são quase onze da noite.

       Levanto rápido e minha cabeça pede para eu ir devagar. Minhas roupas estão emboladas na porta do banheiro, uma pequena contribuição para o caos que está o apartamento. Encontro meu celular no bolso da calça jeans e assim que aperto um botão qualquer quase sou cegada pela luz e minha cabeça volta a reclamar.

Vi: Como você está? Mandei as notas das provas no seu e-mail.

       Ignoro a necessidade de tomar banho e me arrasto até a sala onde joguei minha mochila mais cedo, olho várias vezes como se fosse possível deixar passar despercebido um notebook de vinte polegadas dentro dela. Que ótimo! Esqueci na escola.

Ando de um lado para o outro roendo as unhas e então vejo o notebook do Miguel largado na mesinha de centro. Sem pensar duas vezes, abro o aparelho e espero ansiosa para que não tenha senha, mas como nada está ao meu favor, tem. Tento várias combinações: data de aniversários, o nome do cachorro. Nada. Minha última tentativa: Pgigante22 – meu namorado é idiota. Esse é o nome dele em um desses jogos online, ri muito no dia que descobri e mal acredito que a senha ridícula me concede acesso. Há várias abas abertas, ignoro todas e começo trabalhar.

Termino dois minutos antes da meia noite e sorrio de orelha a orelha pelo grande feito. Ligo para Vitória, tenho certeza de que ela ainda não foi pra cama e isso se confirma quando ela atende no segundo toque.

LEIA O PRIMEIRO CAPÍTULO AQUI.

— Muito obrigada! Acabei de enviar as notas, então amanhã o almoço é por minha conta — digo antes de ela dizer alô.
— Não foi nada. Como você está?
— Um pouco melhor, acho que preciso de um banho — digo enquanto checo o cheiro das minhas axilas. — Definitivamente preciso de um banho.
Fecho a aba onde o sistema de notas estava aberto e algo chama minha atenção.
— Promete que a gente vai ter uma banheira no nosso próximo apartamento? — ela implora.

            Nunca fui uma namorada curiosa, mas isso aqui não é curiosidade, aconteceu de o aplicativo de mensagem está aberto bem na minha frente. Reprimo-me por ter começado a ler, mas não dá pra ignorar mais, aparentemente tenho inclinações sadomasoquistas e leio tudo.
— Alôô? Tá ai?

            Leio lutando contra a vontade de vomitar, de tomar banho, de acordar Miguel aos socos, contra a vontade de chorar que está me comendo viva e então fecho a conversa.

— Helena?
— Estou aqui — digo finalmente saindo do transe.
— O que aconteceu? Sua voz tá…
— E-eu não sei o que eu estou sentindo… Acho que estou brava e ao mesmo tempo triste?
— Você está me assustando. O que aconteceu?
— Eu estava usando o notebook do Miguel para lançar as notas e vi umas mensagens de uma mulher chamada Tânia.— Quem é Tânia? mais brilhante que o sol 2

ME SEGUE NO INSTA: @LUMANUNES.COM

            Sinto as lágrimas molhando o meu rosto e meu coração saindo pela boca. Descobri que eles se relacionam há meses, que transam na cama que acabei de levantar, trocam confidencias e por fim, percebi que namoro um cara que não faço ideia de quem seja.

— Ele estava chamando ela de amor.

— Estou indo te buscar agora!

Arrumo forças para recolher meus pertences espalhados pelo apartamento, passo pela cama em que ele se encontra desmaiado e sorrio amargamente. Miguel tem muita sorte de eu não ser homicida, seria tão fácil.

       De volta à sala, agarro tudo o que é meu e que me esforcei tanto para que fosse dele também. A única coisa que pretendo deixar é a aliança de compromisso patética que ele tanto fez questão que eu usasse.

       Vitória está me esperando na portaria e me ajuda a levar para o carro os pertences que consegui juntar em dois sacos de lixo pretos. A viagem até em casa é silenciosa, mas no minuto em que colocamos os pés para dentro, ela me envolve em seus braços e então eu choro sem me dar ao trabalho de fingir que estou sã. É um choro feio, que me rasga e molha tudo, mas me sinto segura naquele abraço forte enquanto ela promete não me deixar cair.
mais brilhante que o sol 2.

Nenhum comentário

Deixe seu comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

@lumanunesblog