Amor Amargo
03.08.2016

Li Amor Amargo há uns dois meses, mas só agora arrumei forças para falar sobre essa leitura que foi, pra mim, um mix de sensações.

O último ano da estudiosa Alex se aproxima e ela pretende viajar com seus dois melhores amigos para o Colorado, o mesmo destino que sua mãe procurava antes de sofrer um acidente fatal. Tudo estava certo e minimamente planejado. Mas ai o Cole apareceu. Cole, o astro dos esportes, um cara sensível, encantador e divertido. Bom demais pra ser verdade, foi a primeira coisa que Alex pensou quando o garoto começou a dar bola pra ela… Então eles começam namorar sério e ela começa conhecer a verdadeira face do namorado.

“Eles não entendiam Cole. Não entendiam o que eu sentia por ele. Não entendiam que certas coisas, como seu jeito de me acariciar e de me olhar nos olhos, cheio de ternura, não desapareciam de uma hora para outra só porque ele tinha ficado nervoso e perdido a cabeça.”

Amor Amargo foi escrito a partir de pesquisa que a Jennifer Brown fez em uma faculdade sobre violência doméstica. Com base nos dados, ela levantou a seguinte questão: quando você pergunta para uma pessoa se ela se submeteria a um relacionamento abusivo, todas as respostas são não.

Com isso na cabeça, ela começou a refletir que se a resposta é sempre não, então como pode existir tanta gente passando por essa situação? Aprofundando seus estudos, ela sentiu falta de saber, nos livros de psicologia, o que se passa no coração de uma pessoa que está sendo vítima de um relacionamento abusivo.

amor amargo

Alex tem 16 anos e não conseguiu superar a morte da mãe, que morreu em um acidente quando ela tinha apenas 8 anos. Ela mora com o pai que é totalmente desinteressado… Essa foi a primeira coisa a me desapontar nesse livro,  senti que a autora tentou justificar a suscetibilidade da Alex  por causa da situação de abandono, quando acredito que uma pessoa não precisa necessariamente sofrer um trauma para entrar em um relacionamento abusivo, ela pode simplesmente amar demais a pessoa e não consegui se livrar desse sentimento.

“Ainda que estivesse magoada, constrangida, humilhada e indignada pelo que tinha feito comigo, continuava louca de amor por ele. Continuava pensando que tínhamos sido feitos uma para o outro. Continuava desejando-o. Eu tinha estragado tudo.”

Então, depois da morte da mãe, Alex ficou obcecada pela viagem de carro que a levaria até o Colorado, destino para onde sua mãe seguia quando sofreu o acidente. Para isso, ela conta com a ajuda de seus dois melhores amigos, Zach e Bethany, que planejavam minuciosamente essa viagem com ela. Muitas pessoas acharam a amizade entre eles conflituosa, mas eu gostei bastante. A Alex não teve coragem de compartilhar com eles o que estava acontecendo, o Zach demonstrava mais preocupação do que a Bethany, que optou por não dar muito pitaco… Na vida real é assim, gente. Temos vários tipos de pessoas e situações e do livro, foi a parte que menos me incomodou, mas isso não significa que eu não senti raiva.

amor amargo

Tudo estava nos eixos, até Cole aparecer e começar se infiltrar na vida de Alex. Bonito, charmoso, atleta… Como não se apaixonar? Com o tempo, porém, ela vai conhecendo uma versão bem diferente do namorado que costumava afirmar que eram feitos um para o outro. Cole é um personagem muito bem construído. Primeiro, a fala mansa, super carinhoso… Até que parte pra cima dela pela primeira vez, ai vem com aquela conversa mole de que sente muito e que nunca mais vai acontecer… Mas acontece repetidas vezes e seu discurso muda. Ele fala que ela está exagerando, que não queria bater nela, mas que ela faz ele perder a cabeça, que ele não quer machucá-la mas que ela se faz de louca e que aquele machucado não é tão grave assim.

Apesar de ter achado ele um bom personagem, a mesma coisa que me incomodou na Alex, me incomodou nele. Justamente o fato de  ele ser estereotipado como o garoto que cresceu vendo o pai sendo abusivo com a mãe. Tá, concordo que isso é sim um fator relevante, mas o mundo tá cheio de leão em pele de cordeiro que vive uma vida perfeita e faz o tipo de coisas que o Cole faz com a Alex por puro sadismo.

“Ficamos assim por um bom tempo. Ele sussurrando coisas. Pedidos de desculpa. Justificativas. Promessas. Eu sem condições de absorver nada. Ora acreditava no que me dizia e ora não. Sentia raiva e pena de mim mesma. As palavras não tinham significado. Não havia passado nem futuro. Era como se só este momento existisse e, se sobrevivesse a ele, tudo ficaria bem.”

A Alex sente vergonha, ela não que ser taxada como a garota que apanha do namorado e vai deixando a situação fugir do seu controle. Apesar de o livro se curto, conseguimos acompanhar bem o que se passa na cabeça dela. O quanto ela se apaixonou por ele e a importância que ela dá a esse sentimento, o fato de ela ignorar as coisas pequenas e perdoar as grandes por simplesmente não saber o que fazer. Os amigos se distanciando e ela tentando segurar tudo aquilo…

Li algumas resenhas antes de vir aqui conversar com vocês, mas já me arrependi. Vi várias pessoas irritadas com a Alex, porque afinal de contas ela é uma burra que não dá conta de se livrar do namorado abusivo. Eu senti muita aflição lendo esse livro porque por mais que eu não tenha passado por uma situação dessas, eu sei que não é  fácil. O Cole manipulava muito bem, ME manipulava inclusive… Fiquei bastante sentida com a leitura.

“Amedrontada demais para correr. Pasma demais para continuar de pé. Machucada demais para ser corajosa.”

Então, achei essa leitura muito importante porque acrescentou bastante coisa na minha vida e me ajudou a lidar com alguns preconceitos, desconstruiu e muito meus julgamentos. É um livro para sentir na pele, se colocar no lugar e se deixar engolir pelo o furacão de emoções que ele te trará.

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Ficha do Livro

Título: Amor Amargo

Autor: Jennifer Brown

Editora: Gutenberg

Número de páginas: 256 páginas

♥ Minha nota para o livro: 5 / 5 estrelas + favorito da vida ♥

Intenso
06.06.2016

Oi lindezas! Ó eu aqui trazendo uma resenha nova pra vocês. Achou a capa de Intenso familiar? Isso mesmo, esse lindico é continuação de Profundo, que você pode, inclusive, ler a resenha aqui.

Em Intenso, a vida de West vai do céu ao inferno em questão de segundos.  Toda a esperança que ele tinha no futuro desaparece… Sem saber o que fazer com a irmã mais nova, a única pessoa que não para de vir a sua mente é Caroline. A garota, por sua vez,  não para de sonhar com West. Longe do rapaz, ela sabe que ele foi para nunca mais voltar… Quando ela finalmente aceita esse destino, o telefone toca: é West desesperado. Caroline não pensa duas vezes antes de correr para socorrê-lo.

Muita coisa mudou desde que eles terminaram e West tenta afastar Caro de tudo que é jeito, mesmo sabendo que precisa da ajuda dela e mesmo que o desejo seja quase insuportável de segurar. No meio desse embate de emoções, eles precisarão encontrar os próprios caminhos e descobrir: por mais intenso que seja o laço que os une, ainda é possível um recomeço?

intenso

Ai gente, na resenha de Profundo, eu já tinha relatado que um assunto importante tinha ficado em segundo plano, em Intenso então ele foi esquecido de vez… É que a narrativa é mais focada nos problemas de West – e que problemas, viu!? Gostei de conhecer mais sobre ele e até respondeu umas perguntas que ficaram no ar. A Caroline é aquela personagem que é chata por natureza, enfim. Resumindo, a escritora tirou toda a confiança do casal e os transformou em uns chatos.

A minha mágoa fica por conta de que o livro deixou mais uma vez de abordar um assunto importante que é a vingança pornô e focou em um romance totalmente desnecessário, que poderia até ter enriquecido o primeiro livro, mas como segundo é completamente dispensável.

intenso

Ficha do Livro

Título: Intenso

Autor: Robin York

Editora: Arqueiro

Número de páginas: 272 páginas

♥ Minha nota para o livro: 1 / 5 estrelas

Profundo
26.05.2016

Em Profundo, Caroline vê seu futuro escorrer pelo ralo quando o ex namorado posta fotos da garota nua na internet. Seu futuro promissor é posto em risco e ela, que é acostumada a agradar todo mundo, se vê em um beco sem saída. Desesperada ela tenta retirar as imagens da rede,  e ao mesmo tempo tenta lidar com os julgamentos das pessoas.

West mal conhece Caroline, mas mesmo assim toma uma atitude ao ver que a garota está sendo vítima do ex namorado, e não pensa duas vezes antes de partir pra cima do cara. West não poderia ser mais diferente de Caroline e mesmo assim se tornam amigos e por serem amigos eles acabam por se tornar algo bem maior.

profundo

O que me chamou atenção em Profundo é que ele trata de um assunto que, infelizmente, é super atual: vingança pornô. Ou seja, quando o(a) parceiro(a) divulga fotos intimas sem o consentimento da parceira(o)… Achei umas partes muito legais, tipo mostrando como a Caroline lidou com isso físico e psicologicamente. O relato foi muito bem construído, mas achei a história mal aproveitada. Serviu só de pano de fundo para o relacionamento problemático dos protagonistas, sendo que como leitora, a gente acredita que o tema vingança pornô fosse o mais relevante.

O West é um personagem legal, mas não me senti apaixonada por ele. Talvez, ele tenha se tornado aquele personagem clichê de NA. Aquela mistura de força e vulnerabilidade embrulhada num corpo gostoso, que resolve o problema de todo mundo, mas o dele mesmo que é bom, nada…

Com capítulos intercalados, achei muito legal a forma como Caroline e West se envolveram, a escritora não tentou forçar o relacionamento deles, foi bem devagar, tranquilo e eu curti demais isso. Outro ponto positivo foi o modo como eles foram amadurecendo no decorrer da leitura… Resumindo: o pano de fundo é bom e importante, os personagens tem uma química ótima, mas você pode ter um pouco de dificuldade para engrenar na história. Mas indico mesmo assim porque acho válida a discussão.  As partes em que eles se encontram na padaria onde West trabalha, são muito legais, dá pra suspirar um tiquinho <3

profundo

Ficha do Livro

Título: Profundo

Autor: Robin York

Editora: Arqueiro

Número de páginas: 320 páginas

♥ Minha nota para o livro: 3 / 5 estrelas

PROIBIDO (TABHITA SUZUMA)
07.09.2015

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Seja lá qual for o motivo de você estar lendo essa linha, você não vai desistir de ler essa resenha. Sério. Proibido foi eleito por mim a melhor leitura de 2015. Li outras resenhas para poder me inspirar um pouco, afinal não é nada fácil falar de um livro que a gente gosta muito… Fico com a sensação de não fazer justiça. Mas vamos lá.

Como uma coisa tão errada pode parecer tão certa?

Logo na capa nos deparamos com essa indagação, confesso que já tinha visto Proibido na livraria umas mil vezes, mas nunca tinha me chamado atenção. Tive o prazer  de ler esse livro junto com a Bea do Na Sua Estante, o que tornou a experiência muito mais divertida!

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O que me chamou atenção no livro, foi o fato de se tratar de um assunto até então pouco explorado (pelo menos no meu ponto de vista): o incesto entre irmãos.

Lochan e Maya são os filhos mais velhos de uma família completamente desestruturada, eles cuidam dos três irmãos mais novos, enquanto a mãe passa a maior parte do tempo na casa do namorado e o pai os abandonou. Quando eu digo “cuidar” quero dizer que eles criam essas crianças: os acordam de manhã, preparam o café, levam pra escola, buscam, fazem o jantar, ajudam com os deveres… Toda uma rotina que uma casa com crianças tem e ainda precisam lidar com a própria escola e notas.

Por que é  tão diferente com Lochan? A resposta é muito simples porque Lochan nunca se pareceu com um irmão. Nem um caçula chato, nem um irmão mais velho mandão. Ele e eu sempre nos relacionamos  de igual para igual. Fomos os melhores amigos um do outro desde que nos entendemos por gente. Compartilhamos um vínculo mais estreito que a amizade a vida inteira. Juntos criamos Kit, Tiffin e Willa. Juntos choramos  e confortamos um ao outro. Juntos vimos um ao outro  nos momentos mais vulneráveis. Carregamos um fado inexplicável aos olhos do mundo. Demos força um ao outro – como amigos, como parceiros. Sempre nos amamos, e agora queremos poder nos amar  fisicamente também. 

O Lochan *suspiro* é um menino ótimo. Dentro de casa ele é um super “pai”, participativo e carinho, já fora dela as coisas não são tão simples, apesar de sua inteligencia, ele é um garoto tímido e introspectivo que não consegue falar com ninguém. O Lochan é doce, a alma dele é tão linda! Com certeza um dos personagens mais sensatos que eu já li.

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A Maya é uma guerreirona, ela é um pouquinho mais nova que o Lochan, mas não menos responsável com as coisas de casa e escola. Ela é a calma de Lochan e a voz apaziguadora dentro de casa.

Nunca antes imaginei minha vida sem ele; como essa casa, ele é o meu único ponto de referência em meio a uma existência difícil, em meio a um mundo instável e assustador.

A escrita do livro é muito poética e simplesmente adorável. A principio eles não se dão conta de que são apaixonados um pelo outro. Eu achei que quando chegasse a essa parte eu fosse estranhar, mas não, eu me apaixonei junto com eles, parece estranho falar assim, mas é que a história é tão profunda e envolvente que eu gostaria de ficar nela para  sempre.

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Ache que talvez a Tabitha pudesse trabalhar melhor a transição de irmão para amantes, mas a história compensou tanto que esse detalhe passou batido.

É difícil entender por que alguém entra num relacionamento sem qualquer sentimento verdadeiro, substancial, e no entanto ninguém os julga por isso.

Leiam, leiam, LEIAM! Muito incrível e gostoso! <3

Beijinhos e até a próxima!

A Morte de Sarai
19.07.2015

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Depois de ler Entre o Agora e o Nunca, J. A. Redmerski rapidamente se tornou uma das minhas escritoras favoritas. Quando vi que ela havia escrito uma espécie de suspense fiquei bastante curiosa, mas dei uma desinteressada depois de ler umas resenhas bem mórbidas. Já tinha esquecido de A Morte de Sarai quando a Tamaria (obrigada pela indicação, chuchu!) me falou sobre ele super empolgada… Não estava nos meus planos comprá-lo, mas em uma visita aleatória a livraria acabou rolando. Deixei ele de lado por um tempo e então comecei ler sem grandes expectativas.

 

Há uma grande diferença entre medo e incerteza, Sarai. Você não tem medo de nada, mas está incerta sobre tudo.

 

Acontece que eu fiquei chocadíssima quando terminei: eu o devorei! A escrita da Redmerski é tão profunda que eu consegui me infiltrar na história: senti medo, asco, conseguia até sentir os cheiros….

a morte de sarai

O livro começa sendo narrado por Sarai: uma garota típica americana que foi levada aos 14 anos pela mãe para viver com o traficante de drogas e mulheres Javier, no México. Após a morte da mãe, Javier se apaixona pela Sarai e a mantém em cativeiro, onde ela não sofre abusos, mas convive com garotas que são espancadas e estupradas. Nove anos vivendo nesse inferno, não fizeram com que Sarai desistisse de fugir.

 

Violência, escuridão e confinamento fazem parte dela a tal ponto que metade do seu ser nunca aprende outra forma de viver.

 

Victor é um assassino que foi ensinado desde criança a matar a sangue frio. Quando ele vai na fortaleza de Javier para negociar um serviço, Sarai vê uma possibilidade de escapar. Usando ameaças e sedução, ela logo descobre que nada afeta Victor. Depois de muitas cenas de tirar o fôlego, Victor se vê fazendo de tudo para ajudar Sarai a conquistar sua tão sonhada liberdade, mas então ela não entende como sua vontade de ser livre de repente dá lugar ao desejo de ficar com Victor para sempre.

a morte de sarai

Gostei muito do Victor, seus silêncios me matavam! Um personagem forte e obscuro. E a Sarai também me conquistou, adoro a instabilidade dela, suas dúvidas e o seu senso de justiça. Preparem-se para entrar em um mundo sombrio e totalmente viciante.

 

Sou disciplina. Sarai é raiva. Tenho consciência de minhas escolhas em todos os momentos. As escolhas de Sarai tem mais consciência dela e ficam escondidas, esperando para decidir por ela, de acordo com a severidade de seu humor, sem nenhuma intenção de lhe deixar qualquer controle consciente sobre a escolha. 

 

O livro possui capítulos intercalados entre Sarai e Victor (amo!) e é bastante intenso. A capa também é fantástica, além de fosca tem uma textura áspera. Estou ansiosa pela continuação que já foi lançado no Brasil como O Retorno de Izabel.

Algumas pessoas leram essa resenha quado eu a escrevi pro Cadê Meu Chapéu?, leram e ficaram loucas por ele! Então corre, porque é realmente muito bom! Depois não esquece de vir aqui no blog e me contar o que achou.

 

na-menteTítulo: A Morte de Sarai (Killing Sarai)

Continua com: O Retorno de Izabel

Número de páginas: 255

Escritora: J. A. Redmerski

Editora: Suma de Letras

Gênero: New Adult/ Drama/ Suspense

Minha nota: ♥ ♥ ♥ ♥ ♥

 

Beijinhos e até a próxima!

@lumanunesblog