Feeling blue, em tradução literal, sentindo azul. A cor azul nesse sentido é uma conotação para tristeza e está relacionada com lágrimas e chuva, visto que no nosso imaginário a água é geralmente representada com a cor azul.
Nesse contexto, a cor azul, por ser um tom frio está diretamente ligado ao isolamento, melancolia, frieza e tristeza. Essa conexão inspirou o Blues, gênero musical surgido em 1870, em fazendas de escravos que entoavam canções tristes para embalar as intermináveis horas de trabalho. Porém, o Blues só se tornou conhecido após a Segunda Guerra Civil, justamente pela essência das melodias que traduzia os sentimentos melancólicos da população. No Brasil, o Blues possui certa popularidade, influenciando artistas como Raul Seixas e Barão Vermelho.
O azul volta a aparecer em suas nuances depressivas em 1901, quando Casagemas, grande amigo do artista Pablo Picasso, cometeu suicídio, fazendo com que o artista tomado de profunda tristeza, pintasse o quadro La Mort de Casagemas iniciando assim a sua famosa fase azul. Nesse período, Picasso passa a retratar em suas pinturas solidão, pobreza e velhice isolando seus personagens em ambientes imprecisos e monocraticamente azuis.
Vários artistas, assim como Picasso, apresentam quadros de depressão e usam a arte como ferramenta para expressar seus sentimentos. É assim também com o desenhista Pedro* que aos dezenove anos foi diagnosticado com ansiedade e depressão. Hoje com vinte e dois, Pedro conta como a arte o ajudou e o ajuda no processo de cura.
“Tenho dificuldades em expressar meus sentimentos de forma convencional, conversando, por exemplo. Sinto que posso ser quem eu sou através dos meus desenhos e descarrego minhas energias neles, desenho uma média de quatro horas por dia e sempre me sinto leve depois do processo”.
Segundo uma pesquisa da Organização Mundial de Saúde feita em 2017, o Brasil é o país com maior número de pessoas depressivas da América Latina. A arte é reconhecidamente uma importante ferramenta no processo de cura dessa doença.
Texto escrito com a colaboração de Arthur Disconzi e Luíza Caetano (UFT, 2019)
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