3 COISAS QUE ME INCOMODAM NAS PRODUÇÕES POLICIAIS NACIONAIS
29.10.2025

Eu sou uma grande fã de histórias policiais, por isso adoro ver produções brasileiras ganhando espaço, porém, certas coisas me fazem revirar os olhos. Estamos cansados de ouvir sobre a nossa riqueza de histórias e complexidade social única, então usar essa originalidade é o mais esperado, mas nem sempre é o que acontece. Aqui estão três pontos que eu não curto muito em algumas séries policiais brasileiras.

1. A americanização

É uma mania que me irrita, acho que as produções mais recentes já até desapegaram um pouco, mas era muito comum ver o cenário frio, a maneira como a investigação é conduzida e até a linguagem com o padrão Hollywood.

Quando o Rio de Janeiro foi tão escuro assim?

Critiquei Dupla Identidade por isso. Quando a delegada Vera chega dos EUA e fica falando sem parar que ela estava fazendo um curso no “Éf-Bi-Aí” me causava arrepios de constrangimento. O filme O Maníaco do Parque começa com a música What a Wonderful World, tipo assim, não tinha uma música brasileira pra meter ali? Acho que tem, hem?

2. A Banalização do True Crime

Não adianta, somos seres curiosos, por isso, as histórias de crimes reais são fascinantes. O problema é que o mundinho audiovisual parece estar se aproveitando disso de forma muito predatória. Em vez de investigar a fundo ou dar voz às vítimas, o foco vira o espetáculo repetitivo.

“Suzane: assassina e manipuladora” , “Richthofen: O assassinato dos pais de Suzane”, “A Menina Que Matou os Pais” e “O Menino Que Matou Meus Pais” são apenas alguns dos títulos já explorados com a história verdadeira do assassinato mais famoso de São Paulo.

O Caso Richthofen, é um exemplo de exploração incessante, pois já foi abordado até a exaustão em diferentes filmes e documentários. Isso não agrega nada novo; só transforma a tragédia de uma família em um produto de entretenimento reciclado.

3. A Policial Feminina Irreal

Finalmente, quero falar das protagonistas femininas. É ótimo ver mulheres em papéis de destaque, mas muitas vezes a personagem cai no estereótipo da mulher durona que não erra, resolve tudo com um soco ou na base da intuição mágica e desobedece a todas as regras.

A Verônica é um ótimo exemplo de super-heroína às avessas…

Em vez de criar uma policial que usa a inteligência e lida com a complexidade real de ser mulher em uma corporação machista, as séries, em grande parte, optam por uma super-heroína irreal. Essa construção, embora bem-intencionada, falha ao apresentar a competência feminina apenas como uma cópia agressiva do protagonista masculino.

Nossas histórias merecem que nós as contemos com a nossa cara, com a nossa complexidade e com o nosso próprio estilo. É hora de parar de olhar para fora e abraçar a riqueza do nosso contexto.

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