Eu sou uma grande fã de histórias policiais, por isso adoro ver produções brasileiras ganhando espaço, porém, certas coisas me fazem revirar os olhos. Estamos cansados de ouvir sobre a nossa riqueza de histórias e complexidade social única, então usar essa originalidade é o mais esperado, mas nem sempre é o que acontece. Aqui estão três pontos que eu não curto muito em algumas séries policiais brasileiras.

1. A americanização
É uma mania que me irrita, acho que as produções mais recentes já até desapegaram um pouco, mas era muito comum ver o cenário frio, a maneira como a investigação é conduzida e até a linguagem com o padrão Hollywood.

Critiquei Dupla Identidade por isso. Quando a delegada Vera chega dos EUA e fica falando sem parar que ela estava fazendo um curso no “Éf-Bi-Aí” me causava arrepios de constrangimento. O filme O Maníaco do Parque começa com a música What a Wonderful World, tipo assim, não tinha uma música brasileira pra meter ali? Acho que tem, hem?
2. A Banalização do True Crime
Não adianta, somos seres curiosos, por isso, as histórias de crimes reais são fascinantes. O problema é que o mundinho audiovisual parece estar se aproveitando disso de forma muito predatória. Em vez de investigar a fundo ou dar voz às vítimas, o foco vira o espetáculo repetitivo.

O Caso Richthofen, é um exemplo de exploração incessante, pois já foi abordado até a exaustão em diferentes filmes e documentários. Isso não agrega nada novo; só transforma a tragédia de uma família em um produto de entretenimento reciclado.
3. A Policial Feminina Irreal
Finalmente, quero falar das protagonistas femininas. É ótimo ver mulheres em papéis de destaque, mas muitas vezes a personagem cai no estereótipo da mulher durona que não erra, resolve tudo com um soco ou na base da intuição mágica e desobedece a todas as regras.

Em vez de criar uma policial que usa a inteligência e lida com a complexidade real de ser mulher em uma corporação machista, as séries, em grande parte, optam por uma super-heroína irreal. Essa construção, embora bem-intencionada, falha ao apresentar a competência feminina apenas como uma cópia agressiva do protagonista masculino.
Nossas histórias merecem que nós as contemos com a nossa cara, com a nossa complexidade e com o nosso próprio estilo. É hora de parar de olhar para fora e abraçar a riqueza do nosso contexto.


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