Gordofobia – Até 30 dias atrás essa era só uma palavra que eu lia na internet.
Não significava nada pra mim a não ser: não faça.
E agora é uma palavra imensa com um peso absurdo.
Eu nem sabia que eu era gorda pra ser bem honesta e sim, eu tenho espelho em casa.

E o que é mais engraçado é que depois que jogaram o meu peso na minha cara, tudo parece girar em torno disso.
Ninguém te acha estilosa pelas suas escolhas, mas sim porque fogem do parâmetro do que achavam que você vestiria: “Acho muito massa você usar cropped sendo gordinha”.

As pessoas olham para os dois lados antes de te beijar em público. Você vira ponto de referencia no bar: aquela ali do lado da gordinha e você acaba descobrindo que o mundo é um lugar horrível onde as pessoas sentem nojo só por você existir. Nojo. Prestem bem atenção na violencia dessa palavra

“Mas por que eles se atêm a esse pequeno detalhe em você e não falam desses olhos maravilhosos? Ou desse cérebro incrível que você tem?” (Sr. Daniels)

Eu meço 1,62 e peso 76kg. Meus peitos são grandes, assim como a minha barriga. Quando penso no meu corpo imediatamente me vem a mente uma batata com palitinhos no lugar das pernas e braços.
Nunca fui magra, mas também não sabia se era gorda. Midsize, talvez?
Bom, responderam pra mim.

É aqui que eu travo e não sei por onde começar contar porque são vários microcontos de violência que só consegui entender agora que culminou na seguinte frase direcionada a mim: “aff. Eu odeio gente gorda”.

Eu fiquei chocada. E depois de um tempo, triste. Não por causa dessa situação em específico, no final das contas, eu fiquei com dó da pessoa por ser tão medíocre.
Como eu disse, a ficha caiu.
E o que eu quero dizer é: se você se sentiu violentada por algo, é porque você foi. Não tenha dúvidas.
Vão dizer que você está exagerando e até sendo infantil, mas só você sabe o que sente.

Nos últimos meses uma pessoa me contou que se prepara antes de transar com gordas.
Outra, no meio de uma conversa, disse: “porque é difícil pra nós que estamos fora dos padrões…”
enquanto eu fiquei: do que você está falando?
E por último todos os caras super desconstruídos que não beijam em público, mas são carinhosos, desde que estejamos sozinhos.

Foda-se eles, né? Afinal de contas, a pessoa que dentre um milhão de coisas resolve se preocupar com a minha gordura, não merece meu tempo, carinho e dedicação.

Aprendi que não devemos sofrer pelas ações dos outros. Sinto muito pela mediocridade das pessoas, sinto muito por elas fazerem recortes tão rasos, mas principalmente sinto muito pela oportunidade perdida de elas conhecerem pessoas incríveis.
Quanto a mim? Aceito o livramento.