COLUMBINE
28.04.2020

Columbine era uma escola normal no interior do Colorado: professores dedicados, um diretor apaixonado e muitos alunos, entre eles Dylan Klebold e Eric Harris.

Columbine é um livro documental que reúne dez anos de pesquisas feitas pelo jornalista Dave Cullen que é também especialista em em massacres juvenis. Então o livro é um compilado muito organizado em uma edição de 480 páginas. Foram entrevistados psicólogos, sociólogos, agentes policiais, sobreviventes, familiares, membros da mídia, líderes religiosos e políticos. Cullen não deixou passar absolutamente nada.

O livro narra os eventos envolvendo o massacre ocorrido em 20 de abril de 1999 que fizeram o nome da escola conhecido.
Eric e Dylan com então 18 e 17 anos respectivamente, se armaram com facas, bombas e armas. O plano era explodir a escola e quando os sobreviventes saíssem correndo, eles estariam esperando armados do lado de fora para fazer o maior número de vítimas possível.

“É preciso calor e frio para criar um furacão […] Eric ansiava pelo calor, mas não era capaz de sustentá-lo e Dylan era um vulcão, mas não era possível saber quando entraria em erupção.”

Quando as bombas falharam, eles invadiram a escola e atiraram aleatoriamente fazendo treze vítimas antes de cometerem suicídio. Essa parte é narrada minuto a minuto, detalhando exatamente e o que aconteceu dentro da escola e é MUITO pesada.

Eric tinha uma criação bem rígida, filho de militar, seu pai era muito desconfiado. Todo o mau comportamento do filho era punido. Muito inteligente e charmoso, Eric conseguia disfarçar muito bem todo ódio que guardava. Em seus diários e fitas gravadas, o garoto não demonstrava o menor sinal de pudor ou empatia. Discursos de ódio eram maioria, além de fantasias com estupros e expressões nazistas.

“Eric se mostraria um assassino mais fácil de compreender, porque sempre soube o que estava tramando, Dylan não […] Na verdade, Dylan estava desolado.”

Dylan tinha uma família muito amorosa, mas diferente de Eric, que foi diagnosticado como psicopata, ele estava muito deprimido. Em seus escritos, o garoto falava muito sobre amor e fantasiava que um dia poderia ser feliz. Porém, pensamentos suicidas eram recorrentes. Dylan queria morrer e no processo não se importava em levar outras pessoas.

Todo o cotidiano de Eric e Dylan foi narrado com exatidão a partir de denúncias, diários, transcrições de fitas de vídeos, relatos de amigos, professores e psicólogos. Temos um panorama completo dos eventos que aconteceram antes, durante e depois do ataque.

“Há o axioma no jornalismo que diz que histórias de desastres começam confusas e ficam mais nítidas com o passar do tempo: fatos aparecem, a névoa se dissipa, a imagem precisa se solidifica.”

Comecei ler Columbine em janeiro e só terminei agora porque é um livro para ser lido e digerido. Gostei como Cullen foi imparcial e não apontou culpados, extremamente bem documentado. Queria ficar aqui e falar mais, só que é muita coisa mesmo. Uma ótima dica para jornalistas, viu?

Depois de ter lido O Acerto De Contas De Uma Mãe, foi impossível não ficar emocionada com o processo de luto, a psicologia por trás dos traumas dos sobreviventes e toda a questão judicial que foi muito bem explicada.

Mesmo em temas polêmicos como porte de armas e a questão religiosa, o jornalista se apegou aos fatos, narrando toda a política por trás das burocracias e discussões, sendo cuidadoso ao mostrar todos os lados.

Recomendadissímo.

1 comentário

  • Talita disse:

    Fiquei com vontade de ler.

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