O Impulso, de Ashley Audrain, foi o livro do mês no clube do livro e rendeu um debate bem interessante sobre maternidade compulsória e o medo de crianças com caráter… duvidoso.
A história acompanha quatro gerações de mulheres: Etta, a mãe negligente de Cecília; Cecília, que abandonou a filha Blythe; Blythe, que narra a maior parte da história e também não sabe como se conectar com sua filha Violet, uma criança que, desde o nascimento, parece carregar algo de estranho.
Violet faz coisas que a gente só percebe se olhar de MUITO perto. E coisas estranhas acontecem quando ninguém está olhando. Blythe não é uma narradora confiável, então a grande pergunta que ronda a leitura é: aconteceu mesmo ou foi tudo coisa da cabeça dela?
Apesar de o livro levantar questões sobre a maternidade, minha leitura foi mais superficial, busquei encarar como entretenimento mesmo. Sinto que a intenção da autora nem era ser tão profunda assim. A visão da “má maternidade” aqui é tão estereotipada quanto os clichês sobre “boa maternidade”.
Acho que o livro cumpre seu papel: exagera, prende, faz você pensar “não é possível!” e entrega uma leitura fluida e envolvente. Achei desnecessariamente longo em algumas partes, principalmente nos trechos sobre outras mulheres, que basicamente servem pra justificar que “essa menina é traumatizada”.
No fim, eu gostei. Me entreteve por horas e ainda abriu espaço pra reflexões. Recomendo, mas vai com esse espírito.
Sinopse:
Blythe Connor está decidida a ser a mãe perfeita, calorosa e acolhedora que nunca teve. Porém, no começo exaustivo da maternidade, ela descobre que sua filha Violet não se comporta como a maioria das crianças. Ou ela estaria imaginando? Seu marido Fox está certo de que é tudo fruto do cansaço e que essa é apenas uma fase difícil.
Conforme seus medos são ignorados, Blythe começa a duvidar da própria sanidade. Mas quando nasce Sam, o segundo filho do casal, a experiência de Blythe é completamente diferente, e até Violet parece se dar bem com o irmãozinho. Bem no momento em que a vida parecia estar finalmente se ajustando, um grave acidente faz tudo sair dos trilhos, e Blythe é obrigada a confrontar a verdade.
Neste eletrizante romance de estreia, Ashley Audrain escreve com maestria sobre o que os laços de família escondem e os dilemas invisíveis da maternidade, nos convidando a refletir: até onde precisamos ir para questionar aquilo em que acreditamos?
Adorei sua resenha! Esse livro me deixou angustiada do começo ao fim — aquela sensação de que algo está sempre prestes a explodir. Também tive a impressão de que a autora quis provocar mais do que aprofundar, e isso funciona bem como leitura instigante. A questão da narradora não confiável me prendeu muito, e fiquei o tempo todo tentando descobrir o que era real ou fruto do cansaço emocional. Um livro que, mesmo com suas falhas, permanece ecoando na cabeça depois da última página.