Pequeno Mapa do Tempo é uma coletânea de dez contos da vida cotidiana protagonizados por mulheres que provocam nossos sentimentos da forma mais humana possível. Já pelo trecho da capa, podemos ter a certeza de que esse livro vai nos tocar profundamente, pois são histórias que poderiam acontecer com qualquer um.
“Contrariando as previsões, não choveu naquela manhã, dia claro, úmido.
Pássaros escandalosos, felizes.
Ainda não sabiam do ocorrido. Nenhuma estranheza os fizesse desconfiar, nada de pressentimentos, calafrios. Ninguém cochichando pelos cantos. Manhã comum, domingo de dezembro.
Seu Arlindo ajeita o carvão na churrasqueira. Joana coloca a cerveja numa dupla de copos americanos.
Crianças gritam empinando pipas na rua. Um cachorro late tentando se soltar da coleira. Arroz pronto, vinagrete apimentado, farinha, limão. Rotinas.
Nenhuma suspeita da ameaça à tranquilidade dominical.”
Em seus contos, a escritora goiana, Hellen Souza, nos convida a passear pelas ruas da vida ao som de belas canções e não economiza nas dores que depois conforta com o desconforto de pensarmos o que quisermos.
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No primeiro conto, a escritora nos leva à uma comovente história de luto que já me levou às lágrimas e me fez ler em voz alta pela casa para quem pudesse ouvir. Estava tudo ali: a cidade em que eu vivo, uma mãe em conflito, uma filha zangada e uma saudade que só quem já passou por essa dor, conhece.
Em “A Mentirosa Sou Eu”, a mentirosa em questão nos deixa com o coração na mão, com vontade de gritar para as injustiças da vida.
Em meu conto favorito “Nuvem Passageira” Hellen escreve tão brilhantemente que já imagino um conto ilustrado, virando um curta bem delicado e vencendo vários prêmios.
Por essa razão, Pequeno Mapa do Tempo é, sobretudo, pra mim, um livro digno de muitos prêmios, pois é extremamente bem escrito, toda a organização faz sentido e as histórias, sem exceção, são de arrepiar os pelos da nuca. Inteligentemente construído, a autora não nos poupa detalhes e nos entrega um tesouro de histórias cotidianas que é inestimável.
Uma leitura profunda e reflexiva que, com certeza, não deixará os mais sensíveis por um bom tempo.


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