O QUE PEGA QUEM PEGA GERAL?
11.04.2025

Você já parou pra pensar por que a gente pega geral? Tipo, de verdade, o que tem por trás disso? Escutei essa pergunta no podcast Meu Inconsciente Coletivo, com o psicanalista André Alves. A host começou o episódio com essa provocação: “O que a pessoa que pega geral quer pegar?”

André comenta que cada um dá um significado pra pegação, e então eles exploram alguns vetores bem interessantes:

  • Turista da cultura: quer conhecer tudo, quer passar por tudo, etc;
  • Vingativo: quer mostrar (pra alguém) que é capaz;
  • Abandono: fui abandonado, me senti profundamente desamparado e agora quero distribuir a perda;
  • Consumista: quero números.

Eu nunca fui uma boa solteira, e esse episódio mexeu comigo de um jeito curioso — de observância mesmo. Me vi em todas essas posições. Lembro que, no meu primeiro momento solteira, falei que ia fincar minha bandeira em todos os territórios. E foi o que eu fiz. Nos meses seguintes, nada me escapou: homens mais velhos, mais novos, gordos, magros, pretos, brancos, estudantes, trabalhadores, moleques, gente fina, babacas… Um cardápio variado de experiências. Até ok, mas sem grandes lições no final das contas. Tipo uma viagem de férias que você até curte, mas chega uma hora em que tudo o que você quer é voltar pra casa, sabe?

Percebi que vivi todos esses vetores ao mesmo tempo. Tinha acabado de sair de um casamento que terminou por causa de uma traição. Então, queria me envolver com o maior número de pessoas possível. Fui abandonada e queria me vingar desse sentimento que ecoava: “Por que caralho isso aconteceu comigo? Eu não sou bonita, inteligente e super legal?”

E comecei a colecionar homens. Um por um, como quem distribui uma dor.

Essa fase acabou quando comecei a me relacionar com um cara que estava em um relacionamento aberto. Naquela altura, achei que estava apaixonada. Mas aí, no clímax da história, ele me disse:

Você precisa descobrir o que é importante pra você.

Essa frase me deu um chacoalhão. E claro, depois disso já perdi a cabeça mais mil vezes, mas essa pergunta virou um ponto de partida pra mim. Sempre que começo a me incomodar com a forma como lido com a solteirice, volto nela: O que é importante pra mim? O que importa nesse momento?

Tem coisas que são inegociáveis. Por exemplo: é muito importante que eu me sinta respeitada. Pode parecer óbvio, mas às vezes a gente justifica certos incômodos, normaliza faltas. Então, se isso é importante pra mim, eu tento fortalecer essa ideia: o que significa ser respeitada? E traçar uma linha bem clara ali.

Essas coisas deveriam estar escritas num post-it colado na testa, pra gente não escorregar. Outras são mais flexíveis, tipo andar de mãos dadas… Pô, até curto, mas sinceramente? Não é algo que me move.

Então, te convido a refletir com carinho: o que é importante pra você?

Tá tudo bem pegar geral. A vida é boa. Mas entender o porquê de agir assim… Ah, isso é profundo. E libertador.

QUER MAIS?

Assista: Love Life acompanha a jornada dos relacionamentos amorosos de diferentes pessoas, desde seu primeiro amor até seu último. A intenção é mostrar como as pessoas com quem nos relacionamos nos transformam em quem somos quando finalmente terminamos com alguém para sempre.

Leia: Em Digo te amo pra todos que me fodem bem, Vanessa, uma jovem de 27 anos, não possui nenhum desejo fora do normal. Vanessa quer transar e, se possível, bem. Fugindo da puta e da santa, estereótipos que predominam na literatura erótica, a escritora passeia pelo tema da sexualidade com mais dúvidas do que certezas.

Ouça: O podcast que eu citei acima é o Meu Inconsciente Coletivo da tarde Bernadi, o episódio faz parte da oitava temporada cujo tema é basicamente sexo e psicanalise, o nome do episodio: o que pega quem pega geral?

Escreva: Vivi uma relação, acho que podemos chamar assim por muito tempo e escrever sobre ela me ajudou a visualizar sobre como eu estava envolvida em uma situação… diferente. Proponho que você faça o mesmo, escreve aquela história maravilhosa ou até mesmo aquela que não foi tão legal assim, as vezes ver as palavras ali, te de uma perspectiva melhor das coisas.

PARA FINALIZAR

Nunca me perguntaram, sempre quis responder: Qual lugar significa muito para mim?

Eu sou zero aventureira, isso é fato. Não curto trilhas ou perrengues, mas… um lugar muito importante pra mim é a Praia do Prata. Nunca tinha me sentido corajosa suficiente pra sair assim sozinha, com minha moto em uma estrada de chão. Sempre me senti muito dependente das pessoas, das aprovações e vontades, então todo final de semana que eu pego minha moto e vou até lá, me sinto bem e forte. Um lembrete de que nas mínimas coisas conseguimos nos sentir livres e independentes.

Ouvir: Manual Prático Do Novo Samba Tradicional, Vol. 3: LUIZA – Marcelo D2 (2025)

Esse álbum combina releituras de faixas compostas por grandes sambistas com músicas criadas pelo próprio Marcelo. Nesse capítulo serve o rapper homenageia a companheira e parceira criativa: Luiza Machado.

Seguir: @vaisozinhamesmo

Dicas e experiências em SP pra ir sozinha(o), ou não! Não é Palmas, mas a gente pode se inspirar, né?

Pensar: “Aquilo pelo que eu vim: o naufrágio e não a história do naufrágio a coisa em si e não o mito”. Adrienne Rich, “Mergulhar no naufrágio”

Ler: Cinco Anos – Luma Marinho (2025)

Durante cinco anos, entre encontros e desencontros, uma mulher revisita uma relação intensa e conturbada. Ele, seis anos mais novo, a encanta desde o primeiro instante — um sopro de desejo depois de um casamento longo.

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